Após muito sofrer nas idas e vindas de trem pra sampa todo o santo dia, encontrei a paz que procurava, a leitura... Ler no trem é a melhor coisa que há! O tempo passa voando!!! E você ainda se diverte! (Não, isso não é uma daquelas propagandas de incentivo a leitura.... hauhauhuahua)
"O Retrato de Dorian Gray", livro best seller de Oscar Wilde, foi o meu ponto de partida pra essa nova filosofia de viagem! XD O livro é incrível!!! De uma mensagem única e envolvente! Será esse livro o motivo do post de hoje! \o/
Mas se você acha que eu vou falar do personagem principal do livro, Dorian Gray, está muito enganado, vou falar do personagem que mais me interessou em toda essa trama, Sir Henry Wotton. Aquele que na minha opinião foi o grande "master of puppets" da história toda! Senhor de uma enorme gama de teorias sobre os mais diversos assuntos!
No post de hoje eu vou transcrever o diálogo de Sir Henry e Dorian, no momento em que se conhecem no ateliê de Basil. No qual ele filosofa sobre "exercer influência".
"-Boa influência é coisa que não existe, senhor Gray. Toda influência é imoral... imoral, do ponto de vista científico.
-Por quê?
-Porque influenciar um pessoa é emprestar-lhe a nossa alma. Essa pessoa deixa de ter idéias próprias, de vibrar com as suas paixões naturais. As suas qualidades não são verdadeiras. Os seus pecados, se é que existe o que se chama pecado, vêm-lhe de outrem. Essa pessoa torna-se o eco da música de outra pessoa, intérprete de um papel que não foi escrito para ela. A finalidade da vida é para cada um de nós o aperfeiçoamento, a realização plena da nossa personalidade. Hoje, cada qual tem medo de si próprio; esquece o maior dos deveres: o dever que tem consigo mesmo. Naturalmente, o homem é caridoso. Dá de comer ao faminto, veste o maltrapilho. Mas a sua alma é que sofre fome e anda nua. A coragem abandonou a nossa raça. Talvez nunca a tenhamos tido. O temor da sociedade, que é a base da moral, e o temor a Deus, que é o segredo da religião... eis as duas coisas que nos governam.
Contudo, sou de um parecer que se o homem vivesse plena e totalmente a sua vida, desse forma a todo sentimento, expressão e toda idéia, realidade a todo devaneio... creio que o mundo receberia um novo impulso eufórico, um impulso de alegria que nos faria esquecer todos os males do medievalismo e voltar aos ideias helênicos... talvez a algo mais belo e mais rico do que o próprio ideal helênico.
Mas o mais valoroso dos seres humanos tem medo de si mesmo. A mutilação do selvagem subsiste tragicamente na renúncia que nos estraga a vida. Somos punidos pelo que enjeitamos. Todo impulso que nos empenhamos em sufocar incuba no nosso espírito o nos envenena. Peque o corpo uma vez, e estará livre do pecado, porque a ação tem um dom purificador, Nada restará então, salvo a lembrança de um prazer, ou a volúpia de um arrependimento. A única maneira de se livrar de uma tentação é ceder-lhe. Resistamos-lhe, e a nossa alma adoecerá de desejo do que proibimos a nós mesmos, do que as suas leis monstruosas tornaram monstruoso e ilegítimo. Tem-se o dito que os grandes acontecimentos do mundo. O senhor mesmo, senhor Gray, com a sua mocidade cor-de-rosa, a sua adolescência de rosa e leite, teve paixões que o assustaram, pensamentos que o encheram de terror; teve, acordado ou dormindo, sonhos cuja simples lembrança o faz corar de vergonha..."
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